Ayrton Senna, piloto brasileiro da Williams FW16, perdeu tragicamente a vida em um acidente na sexta volta do Grande Prêmio de San Marino, em Imola, no dia 1º de maio de 1994.
O piloto britânico tinha 29 anos na época, enquanto Senna, três vezes campeão mundial de F1 com a dominante equipe Williams, tinha 34. Herbert estava dirigindo pela Lotus, uma equipe de F1 que já foi prestigiosa, mas que havia caído para o fim do grid e estava em sua última temporada antes de fechar.
Senna e Herbert estavam em extremos opostos da hierarquia dos pilotos de F1 na época. Senna estava no auge do esporte, enquanto Herbert ainda estava subindo antes de se tornar um vencedor de Grand Prix.
A tragédia aconteceu no Grande Prêmio de San Marino de 1994, apenas um dia depois de Roland Ratzenberger ter sido morto em um acidente durante a classificação. Senna foi fatalmente ferido no início da corrida em Imola.
Herbert, ainda assombrado pelas memórias, compartilhou um lado de Senna que nunca havia sido revelado antes. Segundo Herbert, Senna teve uma premonição na noite anterior ao acidente fatal. Ele confidenciou ao Professor Sid Watkins, especialista médico da F1, que aconselhou-o a desistir e ir pescar, pois não tinha mais nada a provar. No entanto, Senna sentiu que não poderia se afastar e teve que continuar correndo. Ele sempre estava ciente dos riscos envolvidos, assim como todos os pilotos. Os acidentes envolvendo Rubens Barrichello e Roland Ratzenberger nos dias que antecederam a corrida aumentaram o senso de perigo, especialmente porque envolviam o lendário Ayrton Senna.
Herbert descreveu a atmosfera antes da corrida, observando que Senna parecia diferente. Havia um olhar distante em seus olhos, e era assustador considerando o que estava prestes a acontecer. Senna teve que enfrentar essas emoções sozinho, exceto por sua conversa com o Professor Sid, antes de entrar no cockpit. Isso tornou a situação ainda mais comovente.
Herbert também mencionou a forte fé de Senna em Deus, que sempre foi sua fonte de proteção ao longo de sua carreira nas corridas. Ele também se referiu a um chamado que Senna teve na noite anterior à corrida, quando foi ao local do acidente onde Ratzenberger havia morrido. Todo o fim de semana foi preenchido com o caos, e Herbert tinha uma conexão pessoal com Ratzenberger, pois o conhecia desde os dias da Formula Ford. Era a primeira temporada de Ratzenberger na F1.
No domingo da corrida, Senna largou na pole position para sua 161ª corrida, dirigindo o Williams FW16 projetado por Adrian Newey. Herbert, por outro lado, largou na 20ª posição com o Lotus 107C, marcando sua 50ª largada na F1.
Herbert lembrou vividamente do acidente de Senna durante o Grande Prêmio de San Marino de 1994. A corrida foi interrompida com a bandeira vermelha, e todos no grid aguardavam ansiosamente por notícias. Herbert viu o acidente na tela acoplada ao seu carro e notou o capacete de Senna se mexer, pensando inicialmente que ele estava vivo. No entanto, foi apenas um espasmo nervoso, e a realização do destino de Senna foi um choque.
Durante a corrida, os pilotos não tinham conhecimento do resultado do acidente de Senna. O companheiro de equipe de Herbert, JJ Lehto, parou no início, causando um acidente com Pedro Lamy. Detritos do incidente atingiram vários espectadores.
“Ao testemunhar as consequências do acidente, eu acreditava que ele estava ileso. Foi apenas após a corrida que recebemos a notícia devastadora de sua morte. Ao passar pelo acidente na curva Tamburello, reconheci que era Ayrton. No entanto, eu não antecipei a gravidade da situação.
“O impacto contra a parede deixou o carro intacto, com suas rodas ainda presas. Eu não testemunhei ele inclinando para um lado. Eu erroneamente acreditei que era um acidente rotineiro e que tudo ficaria bem”, expressou Herbert.
Especulando sobre o que poderia ter acontecido se Senna tivesse sobrevivido ao acidente, Herbert ponderou: “Ele sem dúvida teria reinado como campeão mundial de F1 por vários anos, possivelmente três ou mais. Testemunhamos ele atingindo o auge de sua carreira durante aquele período, mas nunca fomos capazes de testemunhar toda a extensão de seu potencial.”
Quando questionado sobre a importância pessoal do piloto brasileiro para ele, Herbert compartilhou: “Tenho boas lembranças de Ayrton. Eu o conheci durante meus dias de kart e testemunhei suas conquistas, como seu sucesso inicial com a equipe Toleman. Ayrton possuía um talento raro, sendo capaz de se adaptar a qualquer carro e extrair o máximo desempenho dele.
“Sua vitória em Portugal, sob condições climáticas traiçoeiras, em um Lotus que não era considerado o mais competitivo na época, mostrou suas habilidades excepcionais. Aquelas eram as condições mais difíceis em que se poderia dirigir, mas ele parecia completamente à vontade.
“Comparar épocas é uma tarefa desafiadora, mas não há dúvida de que ele está entre os maiores de todos os tempos. Ayrton era um verdadeiro piloto, possuindo um conjunto abrangente de habilidades. Ele se destacava nas classificações e demonstrava brilhantismo em maximizar o potencial do carro durante as corridas.”
Herbert continuou: “É importante notar que na era atual, as equipes tomam as decisões estratégicas, pois têm acesso a uma infinidade de sensores e dados ao longo da corrida. No passado, era o piloto que tinha mais controle sobre a estratégia. Eles tinham que confiar em seus instintos, se adaptar às condições dos pneus e fazê-los durar o máximo possível.
“No entanto, Ayrton era excepcional nesse aspecto. Se estivesse chovendo ou seco, ele tinha uma incrível habilidade de lidar com o carro. Ele é sem dúvida um dos maiores pilotos de todos os tempos e, pessoalmente, o competidor mais difícil que já enfrentei. Max Verstappen, Michael Schumacher e Lewis Hamilton têm uma abordagem semelhante.
“Ayrton competiu em um período relativamente mais seguro em comparação com os anos 1960 e 1970, mas ainda havia um elemento de perigo. Sua forte fé em Deus desempenhou um papel significativo em sua preparação mental. Isso lhe proporcionava uma sensação de proteção.
“Sua autoconfiança, combinada com essa camada extra de orientação espiritual, permitiu que ele alcançasse feitos extraordinários que deixavam todos maravilhados. Ele está entre meus três melhores pilotos, ao lado de Jim Clark e Lewis Hamilton.
“Os pilotos de hoje têm o luxo do cockpit mais seguro da história da Fórmula 1. Eles estão cercados por uma rede de segurança de 360 graus. Esse nível de proteção era impensável no passado, onde sempre havia uma ameaça presente.
“Como seres humanos, continuamos aprendendo e buscando melhorias. A segurança tem sido um foco importante na Fórmula 1, com figuras como Max Mosley e Jackie Stewart lutando por mudanças positivas em suas respectivas épocas.
“Os avanços tecnológicos também desempenharam um papel significativo. A introdução do dispositivo Halo, por exemplo, provou ser uma medida de segurança simples, mas eficaz. Embora eu estivesse inicialmente cético, houve casos em que ele salvou a vida dos pilotos. No entanto, isso me frustra quando os pilotos de hoje acreditam que os acidentes nunca devem ocorrer.”
“Não é tão simples assim. Acidentes ainda podem acontecer, apesar de terem os cockpits mais seguros da história. Sempre há uma chance”, Herbert alertou, ecoando os sentimentos de seu ex-rival e campeão mundial de F1 Jacques Villeneuve, que afirmou que “acidentes no estilo Senna podem ocorrer novamente na Fórmula 1.”
O legado de Ayrton Senna continua tão forte quanto sempre, mesmo três décadas após seu enterro em sua cidade natal, São Paulo. Herbert prestou homenagem à lenda da F1, dizendo: “A lenda de Ayrton é resultado de suas performances notáveis em vários carros de corrida, começando desde sua época com a Toleman nos anos 80 até suas passagens pela Lotus e McLaren ao lado de Alain Prost. As batalhas que tiveram foram lendárias.
“Ele tinha uma aura ao seu redor. Quando ele entrava em uma sala, sua presença era incrivelmente poderosa. Martin Brundle frequentemente mencionava que quando os pilotos viam o capacete amarelo em seus retrovisores, eles sabiam que era Senna e tinham que abrir caminho.”
Em uma entrevista recente, o ex-piloto de Fórmula 1 Johnny Herbert discutiu as semelhanças entre Ayrton Senna e o atual piloto Max Verstappen. Herbert observou que ambos os pilotos possuem uma certa habilidade ou “arte” que pode ser descrita como intimidação. No entanto, apesar da reputação de Senna por sua crueldade na pista, Herbert lembrou com carinho de momentos em que Senna mostrou um lado mais compassivo. Ele mencionou como Senna parava e corria para ajudar os colegas pilotos envolvidos em acidentes, um gesto que mostrava sua preocupação com o bem-estar dos outros. Herbert mesmo experimentou isso em primeira mão quando foi hospitalizado após um acidente devastador em 1988. Senna enviou-lhe um cartão de Natal durante sua recuperação, o que tocou profundamente Herbert, pois demonstrava a compreensão e empatia de Senna. Além disso, Herbert compartilhou uma anedota descontraída sobre o comportamento travesso de Senna durante as reuniões de pilotos, onde ele brincava em beliscar as nádegas de Herbert. Essas histórias oferecem um vislumbre da personalidade complexa de Ayrton Senna, que continua sendo uma figura icônica no mundo da Fórmula 1.
© 2024
O piloto de Fórmula 1, Lewis Hamilton, está enfrentando críticas depois de ter sido flagrado em um evento social sem seguir as diretrizes de distanciamento social. O incidente ocorreu durante as férias de Hamilton nas Ilhas Turcas e Caicos, onde ele foi visto em uma festa lotada sem usar máscara facial ou manter uma distância segura de outras pessoas. As imagens do evento foram compartilhadas nas redes sociais e rapidamente se tornaram virais, levando a um debate acalorado sobre a responsabilidade dos atletas de elite durante a pandemia.
Hamilton, que é conhecido por seu ativismo fora das pistas, tem sido um defensor vocal das medidas de segurança contra a COVID-19. Ele já havia expressado sua preocupação com a falta de ação por parte de outros pilotos e equipes de Fórmula 1 para garantir a segurança durante as corridas. No entanto, sua aparente negligência durante suas férias levantou questões sobre sua coerência e compromisso com a saúde pública.
Os críticos argumentam que Hamilton, como uma figura pública e um modelo para muitos fãs, deveria ser mais cuidadoso em suas ações. Eles afirmam que sua participação em uma festa lotada sem seguir as diretrizes de distanciamento social envia uma mensagem errada para seus seguidores e pode encorajar comportamentos irresponsáveis. Além disso, alguns argumentam que, como um piloto de Fórmula 1, Hamilton tem o privilégio de estar sujeito a testes regulares e medidas de segurança adicionais, o que torna sua falta de precaução ainda mais decepcionante.
Por outro lado, há aqueles que defendem Hamilton e argumentam que ele tem o direito de aproveitar suas férias e relaxar como qualquer outra pessoa. Eles afirmam que, embora seja importante seguir as diretrizes de saúde pública, também é importante lembrar que os atletas têm o direito de desfrutar de suas vidas pessoais. Além disso, alguns argumentam que a atenção excessiva dada às ações de Hamilton é desproporcional e que outros indivíduos também estão violando as diretrizes de distanciamento social sem receber a mesma atenção.
Independentemente das opiniões, o incidente levanta questões importantes sobre a responsabilidade dos atletas de elite durante a pandemia. Como figuras públicas com grande influência, eles têm a responsabilidade de agir como modelos e seguir as diretrizes de saúde pública. No entanto, também é importante lembrar que eles são seres humanos e têm o direito de cometer erros. A chave é aprender com esses erros e trabalhar para fazer melhor no futuro.