Uma das histórias mais aguardadas da temporada de MotoGP 2024 está na Honda – enquanto o paddock olha para o campeão mundial de 2020, Joan Mir, e seu novo companheiro de equipe, Luca Marini, para ver se uma suposta mudança de direção da fábrica japonesa corresponderá às expectativas e salvará a Honda de uma fase tão ruim que fez com que o seis vezes campeão Marc Marquez se afastasse de seu contrato no final de 2023.
Há uma expectativa adicional nos testes de Sepang desta semana, também, com base no último dia do ano passado em Valência, onde tanto Mir quanto Marini mostraram um bom ritmo, sugerindo que o novo modelo RC213V pode finalmente estar no caminho para reverter os problemas da Honda.
Não é segredo há bastante tempo o motivo pelo qual a moto tem enfrentado tantas dificuldades. Mantendo muito do DNA das motos de MotoGP do passado e falhando em acompanhar a tempo as guerras aerodinâmicas que agora dominam o campeonato, era evidente para todos que a Honda precisava se adaptar em vez de perseverar.
E, após o shakedown que deu início a 2024 (um evento onde apenas a Honda e a Yamaha, com seu recém-concedido status de concessão ‘Rank D’, puderam apresentar suas formações completas), parece que as mudanças que a Honda precisava finalmente estão a caminho – mesmo que isso não signifique necessariamente que se traduzirão em resultados instantâneos.
“Sim,” Mir afirmou enfaticamente “Eles ainda são pequenos em comparação com os outros, é verdade. Mas bem, estamos dando alguns passos, tentando entender também do ponto de vista de um piloto, para mim, por exemplo, eu nunca… Não sei o quanto podemos fazer com aerodinâmica, porque a Suzuki não era a melhor moto em termos de aerodinâmica. E no ano passado esta moto também não era a máquina perfeita em termos de aerodinâmica.
“Então, estamos tentando entender muitas coisas sobre isso. Neste teste também entendi muitas coisas. Então, vamos tentar manter uma atitude positiva e acreditar que nos próximos três dias podemos dar outro passo, e se dermos mais um, estaremos muito perto.”
Marini também foi enfático ao afirmar que as coisas estavam se movendo na direção certa, mesmo em comparação com as já promissoras saídas em Valência.
“Eu tenho que dizer,” ele disse, “muito boas melhorias em comparação com Valência. Mas porque Valência não foi tão boa, sinceramente, [em termos de] a sensação na moto, porque havia muitas áreas para trabalhar.
“Enquanto aqui tudo está indo em uma boa direção, mas ainda precisamos trabalhar em todas as áreas, especialmente na aceleração, saída das curvas, mais aderência na traseira.
“Então precisamos trabalhar um pouco nisso, antes de tudo, e depois também no lado da aerodinâmica, estamos um pouco- não atrás, mas com menos experiência do que os outros fabricantes, que estão inventando muitas coisas neste momento.
“Mas também teremos nossa proposta nos próximos tempos, que teremos tempo para testar, mas com certeza eu dou um feedback muito bom, boas ideias para os japoneses, eu espero muito deles.”
A reação da contratação da LCR, Johann Zarco, o atual piloto da Honda mais rápido durante o shakedown, também foi entusiástica.
“Eu acho que o potencial está aqui,” ele disse ao MotoGP.com. “Porque realmente a nova moto nasceu muito bem. Eu sou meio sortudo por chegar nesse momento na Honda.”
No entanto, embora a direção possa finalmente ser a correta, ainda é aparente pelos comentários um tanto hesitantes de Mir e Marini que eles não acreditam totalmente que erradicar a diferença em relação às Ducatis dominantes será possível a curto prazo.
Enfrentando Aprilias e KTMs que devem estar mais próximas de seus rivais italianos e também enfrentando uma Yamaha que (se seu novo motor for tão bom quanto insinuado pela equipe) deve ser muito mais competitiva, a Honda ainda pode facilmente – e talvez provavelmente – se encontrar em quinto de cinco, mesmo que sua reconstrução comece a partir do que parece ser uma base decente.
“É verdade que neste inverno eles trabalharam mais do que provavelmente no ano passado, quando eu estava lá,” acrescentou Mir. “Pudemos ver muitas coisas, muitas mudanças dentro da equipe, dentro da Honda. E eu acho que eles querem seguir em frente a partir dessa situação, isso é o que eu vejo, é verdade.
“Mas você sabe, uma coisa é querer e a outra é fazer funcionar. Todos os outros fabricantes, eles trabalharam muito bem por muitos anos. E eles têm muitas informações que provavelmente nos faltam, muitos testes.
“A direção que estamos seguindo agora, eles têm seguido por três ou quatro anos ou mais. Estamos nesse processo, dando bons passos, mas novamente, sinto que não estou pronto para a primeira corrida.”
“A moto tem um bom potencial,” reconheceu Marini, antes de brincar: “É… boa de pilotar quando você está sozinho, porque você não vê o desempenho das outras motos! Então você sente que está fazendo um ótimo trabalho.
“Então você passa pela linha de chegada e o tempo de volta é um pouco mais lento do que você esperava. Então, precisamos trabalhar muito.”
O italiano não tem dúvidas de que a Honda encontrará mais tempo de volta – mas está desesperado para ajudar os engenheiros a fazer isso “no menor tempo possível”.
“Porque eu acho que todos os outros fabricantes deram passos enormes este ano. A KTM parece incrível. A Yamaha parece muito rápida na reta.
“Eu acho que a Honda está em uma condição muito boa agora, mas precisamos trabalhar muito.”
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