Em uma reviravolta chocante, Zak O’Sullivan, um dos talentos mais brilhantes da Fórmula 2, foi forçado a desistir do campeonato—apesar de uma temporada incrível que incluiu vitórias em Mônaco e na Bélgica. Sua saída da série destaca uma crescente crise no automobilismo: os custos crescentes da competição estão expulsando pilotos talentosos, especialmente aqueles de origens de classe trabalhadora.
A situação de O’Sullivan não é um incidente isolado. Ela reflete as lutas de inúmeros aspirantes a pilotos cujos sonhos são destruídos não por falta de talento, mas pelos custos astronômicos de competir. Como o campeão da Fórmula 1 Lewis Hamilton apontou com paixão, o automobilismo está se tornando cada vez mais um playground para os ricos, deixando para trás aqueles que não conseguem garantir patrocinadores abastados ou investidores bilionários.
“Pessoas da minha origem não estão chegando aqui porque é muito caro,” declarou Hamilton de forma direta durante uma entrevista no Circuito da Cidade de Baku. “É insano de caro.” Refletindo sobre sua própria jornada até a F1, Hamilton admitiu que sem o apoio financeiro da McLaren e da Mercedes, ele não teria conseguido. Agora, à medida que os custos continuam a subir, ele teme que a situação esteja se tornando ainda pior para a próxima geração de pilotos.
A dura realidade desse fardo financeiro é evidente no caso de O’Sullivan. Apesar de sua excepcional temporada de estreia na Fórmula 2, uma série que tradicionalmente serve como um trampolim para a Fórmula 1, o jovem piloto britânico não conseguiu terminar o ano. Sua declaração de gratidão à ART GP e à Williams Racing carregava o peso de um sonho despedaçado: “Este ano tivemos alguns momentos incríveis… Infelizmente, em nosso esporte, há mais fatores em jogo do que apenas ganhar corridas.”
A queda de O’Sullivan destaca uma tendência maior no automobilismo—uma onde o dinheiro cada vez mais supera o mérito. Com as barreiras financeiras de entrada alcançando níveis estratosféricos, até mesmo os pilotos que têm sucesso na pista estão achando impossível sustentar suas carreiras sem um grande apoio financeiro. A situação é tão grave que até Hamilton, que conseguiu vencer em uma era diferente, está pedindo reformas radicais.
Hamilton não parou na questão dos custos. Ele também expressou preocupação com a educação dos jovens pilotos de kart, revelando que alguns estão pulando a escola completamente para se concentrar nas corridas. Isso, ele alertou, pode ter consequências desastrosas para a vasta maioria que nunca chega à F1. “As crianças não estão indo mais à escola… Acho que é importante que elas continuem tendo algo para se apoiar,” disse ele, defendendo que a FIA implemente regras para garantir que os jovens pilotos permaneçam na educação enquanto buscam suas carreiras nas corridas.
A pressão financeira não se limita aos níveis juniores do automobilismo. Pierre Gasly, da Alpine, que estreou na F4 francesa em 2011 e depois chegou à F1, ecoou as preocupações de Hamilton. Ele apontou que os custos crescentes estão eliminando potenciais estrelas muito antes que elas possam alcançar os níveis mais altos do esporte. “Isso começa já no karting. Quantas pessoas podem pagar tanto por um garoto de 10 ou 11 anos?” Gasly perguntou, pedindo uma ação urgente para abordar a crise de custos.
Gasly, assim como Hamilton, faz parte de uma geração que conseguiu se destacar quando os patrocínios ainda podiam cobrir as crescentes demandas financeiras. Mas hoje, com a hiperinflação e o aumento dos custos em todo o mundo, garantir o financiamento necessário se tornou uma tarefa quase impossível para muitos. “Eu tinha amigos muito bons no kart que eram muito talentosos, mas acabaram parando após a Fórmula 4 porque não podiam arcar com os preços para subir”, lamentou Gasly.
Por enquanto, o mundo do automobilismo assiste com frustração enquanto histórias como a de Zak O’Sullivan se tornam cada vez mais comuns. Pilotos talentosos são deixados de lado não por falta de habilidade, mas pelas crescentes cargas financeiras que tornaram o esporte quase inacessível para todos, exceto os mais ricos.
À medida que os custos continuam a disparar e os jovens pilotos enfrentam barreiras impossíveis, o automobilismo corre o risco de se tornar um esporte exclusivamente para a elite—a menos que ações reais sejam tomadas para tornar o campo de jogo mais acessível.