A chocante decisão da FIA de se separar do Diretor de Corrida Niels Wittich a apenas três corridas do final da temporada de Fórmula 1 de 2024 deixou os pilotos furiosos, com George Russell e Kevin Magnussen liderando os apelos por uma melhor colaboração entre os oficiais e os corredores. A mudança repentina reacendeu o debate sobre o relacionamento fragmentado entre os pilotos e o órgão governante do esporte.
“Nós Sempre Somos os Últimos a Saber”: Russell Fala
A demissão de Wittich, oficialmente enquadrada como uma renúncia, foi colocada sob escrutínio quando o ex-Diretor de Corrida contradisse a declaração da FIA, dizendo à Motorsport-Magazin, “Eu não renunciei.” Para pilotos como George Russell, a mudança abrupta parecia mais um exemplo da má comunicação entre a FIA e aqueles que estão atrás do volante.
“Definitivamente não estávamos cientes,” revelou Russell durante a coletiva de imprensa do GP de Las Vegas. “Foi um pouco de surpresa para todos. Como pilotos, muitas vezes sentimos que somos os últimos a saber sobre decisões que nos afetam diretamente.”
Embora Russell tenha reconhecido que alguns pilotos estavam insatisfeitos com a tomada de decisões de Wittich, ele criticou a forma como a FIA lidou com a situação. “Às vezes, apenas contratar e demitir não é a solução,” argumentou. “Trabalhando juntos conosco, poderíamos ter ajudado a melhorar a questão.”
Magnussen Pede um Retorno à Liderança da Era Whiting
O piloto da Haas, Kevin Magnussen, levou a crítica um passo adiante, lamentando a crescente divisão entre pilotos e oficiais. Comparando a dinâmica de liderança atual com o mandato do falecido Charlie Whiting, Magnussen disse: “Certamente para nós, pilotos, [Whiting] era alguém com quem nos sentíamos realmente conectados. Sempre parecia que estávamos sendo ouvidos.”
Ele descreveu o relacionamento atual como “nós contra eles”, destacando a falta de cooperação que surgiu nos últimos anos. A saída de Wittich, segundo Magnussen, ressalta a necessidade de um estilo de liderança que promova a colaboração em vez da divisão.
Momento Sob Fogo: Verstappen e Leclerc Questionam a Decisão da FIA
O momento da demissão de Wittich também gerou críticas pesadas. Com apenas três corridas restantes, incluindo o Grand Prix de Las Vegas, os pilotos questionaram a praticidade de fazer uma mudança tão significativa em um ponto crítico da temporada.
“É um pouco estranho com três corridas para o final,” disse Max Verstappen, observando a dificuldade para o Diretor de Corrida interino Rui Marques se adaptar tão tarde no ano. “Talvez você fizesse isso após a temporada, dando tempo para o novo diretor de corrida se atualizar.”
Charles Leclerc, da Ferrari, ecoou as preocupações de Verstappen. “Isso surgiu do nada,” disse Leclerc. “Em um momento tão crucial da temporada, isso poderia ter sido gerenciado melhor.”
Um Chamado para o Diálogo Aberto
Carlos Sainz, companheiro de equipe de Leclerc na Ferrari, pediu à FIA que promova um diálogo mais aberto com os pilotos. “Pedimos gentilmente que o novo diretor de corrida nos escute e valorize nosso feedback. Se dizemos algo, é porque realmente acreditamos que isso pode melhorar o esporte.”
Esse sentimento foi amplamente compartilhado entre os pilotos, que enfatizaram que sua experiência na pista deve ser considerada ao tomar decisões que afetam a dinâmica das corridas.
O Quadro Geral: Uma Crise de Liderança?
A gestão de Wittich como o primeiro diretor de corrida exclusivo desde a controversa saída de Michael Masi em 2021 nunca esteve isenta de críticos. Enquanto a demissão de Masi seguiu uma intensa fiscalização após o Grande Prêmio de Abu Dhabi de 2021, a liderança de Wittich parecia exacerbar as tensões em vez de consertá-las.
Para muitos pilotos, a remoção repentina de Wittich é mais um sintoma de um problema mais profundo dentro da FIA: um crescente descompasso entre os governantes do esporte e seus stakeholders mais importantes.
A Última Volta
À medida que Rui Marques assume o papel de diretor de corrida para as últimas corridas da temporada, a FIA enfrenta uma pressão crescente para reconstruir a confiança com os pilotos. Se o órgão governante conseguirá reparar os relacionamentos tensos a tempo para a temporada de 2025 ainda está por ser visto, mas uma coisa é clara— a liderança da Fórmula 1 precisa encontrar seu equilíbrio, ou arriscará alienar ainda mais as vozes que fazem o esporte prosperar.